24 de junho de 2009

Valente postada!


A análise de M K Bhadrakumar sobre a situação no Irão põe a nu a desinformativa e manipuladora campanha, há anos levada a cabo, pelos media norte-americanos e europeus, com o objectivo de esconder e deturpar a verdadeira luta que se trava há anos no Irão. Na presente fase da campanha, tão habituados a escrever o que eles pensam que os EUA querem, e tomando os desejos pela realidade, nem sequer ligaram ao artigo do Washington Post de 15 de Junho, onde é referida uma sondagem feita por este jornal que previa a vitória de Ahmadinejad, sensivelmente pelos números que se verificaram, mesmo depois do reajustamento feito pela contagem dos votos.

M K Bhadrakumar *
- 23.06.09


A China quebrou o silêncio sobre a situação do Irão. Esta posição tem como pano de fundo perceptível a mudança da posição de Washington perante os acontecimentos naquele país.

O jornal estatal China Daily, de 5ª feira publicou o seu principal comentário editorial com o título «Pela paz no Irão». Vem no meio de informações dos media ocidentais que o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani está a mobilizar o clero Qom para pressionar o Conselho de Guardiães – e, também, o Supremo líder Ali Khamenei – para anularem a eleição presidencial que deu a vitória a Mahmud Ahmadinejad para outro mandato de quatro anos.

Pequim teme uma eminente confrontação e aconselha Obama a cumprir a promessa feita no seu discurso do Cairo de não repetir os erros da política dos EUA no Médio Oriente, como o derrube do governo eleito do Irão presidido por Mohamed Mossadeg em 1953. Pequim também adverte para não se deixar que o génio da impaciência popular saia da lamparina, numa região extremamente volátil e a ponto de rebentar. Teerão viveu sexta-feira o seu sexto dia de protestos massivos de partidários de Mir Hossein Mousavi, a quem dizem ter sido arrebatada a vitória.

Paralelo com a Tailândia

Entretanto, um enviado especial da China ao Médio Oriente, Wu Sike, partiu sábado para uma longa viagem de quinze dias pela região (que, significativamente, será completada com consultas com Moscovo), a fim de medir a temperatura política em capitais tão diversas como Cairo e Telavive, Amam e Damasco, e Beirute e Ramalah.

Pequim também fez uma declaração quando se programou para terça-feira uma substantiva reunião bilateral entre o presidente Hu Jintao e Ahmadinejad, à margem da reunião da Cimeira da Organização de Cooperação de Shangai (OCS) em Ykaterimburg, na Rússia.

É presumível que Hu tenha discutido a situação no Irão com o seu homólogo russo Dmitri Medvedev, durante a sua visita oficial a Moscovo depois da Cimeira da OCS. Já antes, Moscovo tinha saudado a reeleição de Ahmadinejad. Tanto a China como a Rússia detestam revoluções «de cor», especialmente quando envolvem coisas tão desconcertantes como o Twitter, que Moscovo presenciou durante alguns meses na Moldávia, o que cai muito mal na estratégia intervencionista global dos EUA.

A China antecipou a reacção contra a vitória de Ahmadinejad. Segunda-feira, o jornal Global Times citou o ex-embaixador chinês no Irão, Hua Liming, dizendo que a situação iraniana só voltará à normalidade se se chegar a um acordo negociado entre «os principais centros do poder político… E, a não ser assim, é possível que se repita a recente agitação da Tailândia.» É muito revelador que o veterano diplomata chinês tenha feito um paralelo com a Tailândia.

No entanto, Hua sublinhou que Ahmadinejad goza de popularidade e que tem «muito apoio nesse país nacionalista porque tem o valor de expressar a sua própria opinião e atreve-se a concretizar as suas políticas». O consenso da comunidade académica chinesa também é o de que a reeleição Ahmadinejad será uma «prova» para Obama.

Por isso, o editorial do China Daily de quinta-feira tem a natureza de um apelo ao governo de Obama para que não arruíne a sua nova política para o Médio Oriente, que se desenvolve bem, através de acções impetuosas. Significativamente, o editorial reafirmou a autenticidade da vitória eleitoral de Ahmadinejad: «Ganhar ou perder são duas caras de uma moeda eleitoral. Alguns candidatos têm pouca inclinação para aceitar a derrota».

O jornal assinalou que uma sondagem à opinião pública anterior à eleição, realizada pelo Washington Post, mostrou que Ahmadinejad tinha uma vantagem de 2 para 1 contra o seu rival mais próximo, e algumas sondagens de opinião feitas no Irão também indicaram mais ou menos o mesmo e, na realidade, este candidato «ganhou a eleição por uma margem inferior. Portanto, as afirmações da oposição contra Ahmadinejad são um pouco surpreendentes».

O editorial adverte: «As tentativas de levar a chamada revolução de cor até ao caos serão muito perigosas. Um Irão desestabilizado não é do interesse de ninguém se queremos manter a paz e a estabilidade no Médio Oriente, e no mundo em geral». Recordou explicitamente que a «intervenção da Guerra-Fria no Irão» pelos EUA levou a que a relação entre os EUA e o Irão sejam difíceis, «devido ao facto de os presidentes dos EUA terem metido o nariz nos assuntos internos do Irão».

Teocracia contra o republicanismo


Pequim compreende muito bem a política revolucionária do Irão. A China foi um dos poucos países que acolheram calorosamente Ruhollah Khomeini como supremo líder (em 1981 e 1989). Ao contrário, a Índia, que professa vínculos «civilizacionais» com o Irão, mostrou-se incapaz de avaliar correctamente as opções políticas da Khamenei pelo republicanismo. A maior parte das elites índianas nem sequer sabe que, em jovem, Khamenei estudou na Universidade Patrice Lumumba em Moscovo.

Seja como for, a reunião de Hu e Ahmadinejad em Ykaterimburg de terça-feira mostrou uma vez mais que Pequim tem uma ideia muito clara sobre o vaivém da política iraniana. Sem dúvida que Hu manifestou a Ahmadinejad a sua grande honra de o ter como interlocutor estimado por Pequim.

Os media chineses seguiram de perto a trajectória da reacção dos EUA à situação do Irão, especialmente a «revolução Twitter», que pôs Pequim em guarda quanto às intenções dos EUA. Existem indicações de que o establisment dos EUA começaram a interferir na política iraniana. A facção de Rafsanjani sempre manteve vias abertas para o Ocidente. Tendo tudo isto em conta, é perceptível um grau de sincronização existente entre a rota da «revolução Twitter» dos EUA, as negociações da Rafsanjani com o clero conservador em Qom e a atitude de desafio, tão pouco característica de Mousavi.

Obama enfrenta desafios múltiplos. Por um lado, como informou quinta-feira Helene Cooper do The New York Times, os contínuos protestos de rua em Teerão estão a fortalecer um grupo de conservadores em Washington (favoráveis a Israel) para exigirem a Obama uma tomada de «posição mais clara de apoio aos manifestantes.» Mas, por outro lado, uma mudança de regime atrasaria, inevitavelmente, a esperada aproximação directa entre os EUA e o Irão, e afectaria o apertado calendário de Obama para assegurar que as negociações se realizem até ao final do ano, pois as centrifugadoras do Irão continuam a funcionar nas suas instalações nucleares.

Uma fragmentação da estrutura do poder em Teerão também seria de pouca utilidade para a ajuda que os EUA fornecem ao Afeganistão. Não obstante, altos funcionários do governo, como o vice-presidente Joseph Biden e a secretária de Estado Hilary Clinton, queriam que os EUA utilizassem um «tom mais forte» na turbulência iraniana. Helene Cooper informou que há pressões sobre Obama no sentido de que este corria o risco de «ficar no lado errado da história num momento potencialmente transformador no Irão».

Uma reacção thermidoriana

Indubitavelmente, a turbulência tem um lado intelectual. Como Obama é um dos poucos políticos dotados de intelectualidade e de um agudo sentido da história sabe que o que está em jogo é uma bem orquestrada tentativa do establisment clerical da linha dura, para meter marcha-atrás aos dolorosos quatro anos do ziguezagueante processo de caminhada para o republicanismo no Irão.

Mousavi é um afável testa-de-ferro dos mullahs, que temem que outros quatro anos de Ahmadinejad afectem os seus interesses estabelecidos. Ahmadinejad já começou a marginalizar o clero das prebendas do poder e dos lugares mais atractivos da economia iraniana, especialmente da indústria petrolífera.

A luta entre os mullahs mundanos (aliados do bazar) e os republicanos é tão antiga como a revolução iraniana de 1979, onde os fedayin do proscrito partido Tudeh (quadros comunistas) foram partidários originais da revolução, a que os clérigos usurparam a liderança. As paixões políticas altamente artificiosas provocadas pela crise dos reféns dos EUA, com 444 dias de duração, ajudaram os astutos clérigos xiitas a executar a reacção thermidoriana e a isolar os dirigentes revolucionários progressistas. Ironicamente, os EUA figuram de novo como protagonistas chave na dialéctica do Irão – ainda que agora não como reféns.

O imam Khomeini tinha muito cuidado com os mullahs iranianos e, por isso, criou o Corpo dos Guardas Revolucionários Iranianos como força independente, para assegurar que os mullahs não sequestravam a revolução. Coerentemente, também a sua preferência era que o governo não fosse dirigido por clérigos. Nos primeiros anos da revolução, as conspirações urdidas pelo triunvirato Behesti-Rafsanjani-Rajai, que organizou a saída do presidente secular e de esquerda, Bani Sadr (protegido de Khomeini), tiveram por objectivo estabelecer um Estado teocrático de um só partido. São especificidades da história revolucionária do Irão que podiam ter escapado à compreensão intelectual de um George W Bush, mas Obama deve estar ao corrente da tortuosidade da política da Rafsanjani.

Se o putsch de Rafsanjani tivesse êxito, na melhor das hipóteses, o Irão parecer-se-ia com um dos decadentes postos avançados do golfo Pérsico pró-ocidental. Seria durável um regime duvidoso? Mais importante, é o que Obama deseja ver como destino para o povo iraniano? O povo árabe também está atento. O Irão é uma excepção onde o povo ficou com mais poder. As multidões de pobres do Irão, que formam a base de apoio de Ahmadinejad, detestam o establisment corrupto e venal dos clérigos. Nem sequer escondem o seu ódio visceral à família Rafsanjani.

Infelizmente, a classe política de Washington não tem a menor ideia do mundo bizantino do clero iraniano. Acicatada pelo lobby israelense, está obcecada pela «mudança de regime». A tentação será organizar uma «revolução de cor». Mas a consequência seria muito pior que o da Ucrânia. O Irão é um poder regional e os escombros cairiam em qualquer parte. Actualmente, os EUA não têm nem influência nem força vital para defender o fluxo de lava de uma erupção vulcânica provocada por uma revolução de cor que poderia ultrapassar as fronteiras do Irão.


* M K Bhadrakumar foi diplomata de carreira da União Indiana, tendo prestado serviço, entre outros países, na ex-URSS, Alemanha e Paquistão e Turquia.


Este texto foi publicado em www.atimes.com/atimes/Middle_East/KF20Ak03.html, a 20 de Junho de 2009.

Tradução de José Paulo Gascão

19 de junho de 2009

USA condenam Fidel Castro e Che Guevara a pagar 700 milhões de dólares!?!

"A notícia chegou e disse:

Gustavo Villoldo era um empresário cubano - representante da General Motors em Cuba - e pai de um filho com o mesmo nome.

Em 1959 a sua empresa foi nacionalizada por decisão do governo revolucionário, aplicada pelo Che, então presidente do Banco Nacional de Cuba - e Gustavo Villoldo, inconformado com o facto, suicidou-se, tomando uma dose elevada de comprimidos para dormir.

Gustavo Villoldo (filho) fugiu para os EUA e, em 1967, integrava o comando de agentes da CIA que perseguiu e assassinou o Che na Bolívia.

Agora, o filho intentou uma acção contra Fidel e o Che, acusando-os de responsáveis pela morte do pai.

E um juiz norte-americano não só lhe deu razão comocondenou Fidel e o Che a pagarem-lhe uma indemnização de 700 milhões de euros.

A notícia só não diz como é que a sentença vai ser executada, e o que acontecerá aos acusados se não pagarem a indemnização ao acusador...

Esta justiça norte-americana é danada para a brincadeira... - mas nem mesmo a brincar deixa de exibir o seu conteúdo de classe."

16 de junho de 2009

Desorientados pelo Oriente

Aqueles que nos impõem Tratados de Maastricht e Lisboa sem sequer ir a eleições querem agora convencer-nos que a vontade dos iranianos foi desrespeitada? Aqueles que comeram e calaram nas eleições de 2000, quando Bush perdeu para Al Gore e mesmo assim foi eleito presidente, vêm agora encher a boca para falar de fraude nas eleições do Irão? Estes são casos documentados de usurpação de direitos e cargos que os jornalistas preferem ignorar. Mas tratando-se do Irão acham que não são precisas evidências para considerar os resultados roubados.

Um par de semanas antes das eleições já as sondagens davam uma vitória clara a Ahmadinejad. Uma sondagem financiada pela Rockefeller Brothers Fund e conduzida por uma companhia cujo "trabalho na região para a ABC News e BBC recebeu um prémio Emmy" dava vitória a Ahmadinejad com uma margem de 2 para 1! Porquê agora o espanto com a sua re-eleição?

Mas há assuntos mais importantes no Irão do que provar aquilo que se diz... O Twitter! Daniel Oliveira informa-nos que o Twitter é a única arma deixada à oposição. Eu por mim, acho que para a maioria dos trabalhadores iranianos, nas cidades e nos campos, as mensagens de telemóvel, as campanhas no Facebook e as opiniões da blogosfera não são a maior preocupação do dia. É uma suspeita que tenho... Rick Dangerous compara a violência em Teerão com a de Atenas, porque "a violência é". Não sei se a violência é ou não é, nem se Teerão é ou não Atenas, mas sei que o Irão não é Teerão. E se ignorarmos o resto do país, as suas províncias, então é de facto difícil entender como Ahmadinejad ganhou.

14 de junho de 2009

Caído em desgraça

Na ressaca da derrocada eleitoral, o PS lembro-se de nos avivar a memória sobre como ele (PS) é "o grande partido da esquerda democrática". E, para que não restassem dúvidas, lá foram desenterrar do baú das recordações aquelas grandes figuras da social-democraCIA que tanto contribuiram para que o país estivesse como ele está hoje.

Estão lá (quase) todos, da esquerda à direita (do Alegre ao Gama) da social-democraCIA, pois o que não falta é pluralismo no PS... Isso e corrector! Pois não é que entre tantas e tão grandes figuras da democrática "sinistra" ["left" in italian] expostas na fachada da sua sede nacional, no Largo do Rato em Lisboa, apagaram o ex-Secretário Geral Vítor Constâncio!?!?

Cadê o Constâncio? Porque não figura ele ao lado doutros grandes figurões de má memória como Mário Soares, Almeida Santos, Jorge Sampaio, Ferro Rodrigues ou António Guterres?

His head is gonna roll? É que Constâncio foi apagado da história exposta do PS!

11 de junho de 2009

Então e do Alegre? Ninguém fala no Alegre?
Parece que todos o calam!

Muitas razões se invocam para o espantoso crescimento eleitoral bloquista pela blogosfera, mas nenhuma alude ao Alegre! Quantos votos renderam os 2 comícios Louça-Alegre que "credibilizaram" a alternativa BE, aos olhos duma fatia PS?

10 de junho de 2009

Kafkiano

Muito se enalteceu a decisão de Obama de fechar Guantânamo. Menos se tem falado e gabado a recente proibição da divulgação de qualquer documento sobre as interregações, aka tortura, que lá se fazem. Bush já tinha mandado destruir os vídeos que comprovavam, com som e imagem, os horrores da tortura praticada sobre os presos. Agora, é a vez de Obama de citar "preocupações com a segurança nacional" caso os documentos sejam publicados.

E há uns dias assistimos a mais um gesto da infindável bondade da nova administração: os Estados Unidos ponderam a possibilidade dos detidos de Guatânamo que enfrentam a pena de morte poderem declarar-se culpados. Tal confissão permite que os julgamentos não sejam levados até ao fim e que a acusação não tenha que expor em tribunal os detalhes das brutais "técnicas de interrogação". Resta a pergunta: e que tal os detidos poderem declarar-se inocentes?

8 de junho de 2009

Porreiro, pá!

É bem verdade que o PS sem "D" perdeu as eleições para o PS com "D" e que mudámos de saco, mas continuamos com a mesma farinha...

Mas - e é um "mas" regozijante -, pelo menos os sacanas sem "D" foram enxovalhados como muito bem mereciam pelas políticas de direita que têm aplicado nos últimos anos: a crise, finalmente, chegou ao PS depois de ter, há muito, chegado aos nossos bolsos...

Mais à Direita, Paulo Portas quase chorava em directo e de emoção. Para nosso grande desapontamento, o CDS não só não desapareceu do mapa, como ainda subiu na votação: o que só prova como ainda existem por aí muitos beatos, retornados e antigos bufos da PIDE alive and kicking...

à Esquerda...
O Bloco de Esquerda foi indubitavelmente o grande vencedor da noite, logo a seguir ao partido da "abstenção", mas como os lugares não podem ficar vazios, o BE elegeu 3 deputados e fez a festa: com efeito, não é todos os dias que um partido duplica o número de votos e triplica o número de eleitos. Os cartazes de campanha do Bloco afirmavam: "está na hora".... E está mesmo! Está na hora de pagarem uma boa almoçarada ao Manuel Alegre, que os comícios a meias deram bons frutos.
E aqui está o grande desafio do Bloco: chegada à fase da puberdade, como vai ser? Um dia terão de deixar de vender sabonetes (e ninguém bate o marketing político do Bloco), para assumirem responsabilidades e meterem as mãos na lama governativa. Ora, por aquilo que se viu na CM Lisboa... há razões para se recear a pior das chafurdices...

A CDU conseguiu manter os 2 eleitos (num quadro de redução do nº de parlamentares a eleger) e ultrapassar a barreira dos 10%. Teve, mesmo, a melhor votação dos últimos 15 anos, mas os comunistas tiveram de engolir 2 grandes sapos: ficar atrás do BE e perder o 3º eleito por "meia dúzia de votos" para o "campeão da 2ª círcular" do que está à esquerda do PS sem "D".

Conclusões?
Sócrates perdeu por muitos e o bloco central seguirá, dentro de momentos, na governação do país ou não fosse o Cavaco o padrinho de casamento de José com Manuela! Duvidam? Ainda será o mais certo e acertado para o capitalismo português gerir a crise. Ah pois! A crise... A crise continua

7 de junho de 2009

O voto é a arma do povo? Faz pontaria e dispara bem!

5 de junho de 2009

Barack Obama vs. Roger Waters

Barack Obama esteve no Cairo a discursar sobre Israel e Palestina. Roger Waters dos Pink Floyd foi à Palestina apoiar a reconstrução do Cinema Jenine e a nova escola de cinema na Cisjordânia. O primeiro pediu a Árabes e Israelitas para "não apontarem o dedo um ao outro", como se ambos os lados fossem igualmente culpados. O segundo lembrou que o conflito não é "olho por olho, mas centenas de olhos por cada olho".

O governo de Obama, tal como o de Bush, insiste que para o Hamas fazer parte das negociações tem que renunciar à violência, cumprir os acordos de paz e reconhecer o estado de Israel. Só que o governo de Israel, que faz parte de todas as negociações, não cumpre nenhuma destas condições. Claramente não renunciou à violência, matou 960 civis incluindo 288 crianças em Gaza, só no início deste ano. Violou todos os acordos de paz alguma vez tentados: o "roteiro para a paz", Annapolis, Wye River, Oslo. E enquanto o Hamas aceita a solução de dois estados, o primeiro-ministro israelita recusa-a.

Ao contrário de Obama, Waters falou indignado contra a ocupação, os checkpoints, as inumanas restrições à liberdade dos palestinianos e as situações traumáticas vividas nos territórios ocupados. Visitou o campo de refugiados de Jenine e lembrou que cada vez mais pessoas no mundo se recusam a defender a existência de um estado judeu, pelo que Israel hoje significa.

Enquanto Obama dança os mesmos velhos ritmos, Waters reinventa a canção: We don't need no... ocupation.

3 de junho de 2009

Não concordo com muitas coisas que esta senhora diz, mas tiro-lhe o chapéu:
Não só votou contra o escandaloso aumento de salário com que os eurodeputados se mimaram em véspera de eleições, mas também porque (e foi a única a fazê-lo...) já afirmou que não aceitará o referido aumento, recusando-se a receber 1 cêntimo a mais que seja. And that's something

1 de junho de 2009

Um país de doutores?

Uma rápida análise às listas de candidatos dos principais partidos ao Parlamento Europeu pode induzir em erro: o erro de que somos nós um país de doutores!!!

Não causará estranheza tal ocorrência nos partidos da direita (PS com ou sem D e CDS/PP). Mas causa verdadeira perplexidade nos partidos que se encontram mais a esquerda do espectro político: BE e PCP!


o PCP/CDU avança com uma economista, um biólogo, uma professora, um advogado e um psicólogo. Cabe não esquecer que o PCP teve ( e tem) como primeiro e mais recente secretário-gerais, 2 operários: Bento Gonçalves e Jerónimo de Sousa. Mas desta vez...

Não está em causa a evidência de que a formação académica dos futuros euro-deputados lhes será útil no desempenho das suas futuras funções; mas não será a formação académica, antes a CONSCIÊNCIA DE CLASSE, a determinar as políticas mais necessárias para o povo e os trabalhadores portugueses!

Duvidam? Pois pensem nas grandes "cabeças" que nos têm conduzido à ruína: Salazar, Cavaco Silva ou Vítor Constâncio - para não dizer mais...

E é pena que nenhum blue-collar worker português venha a sentar o rabinho no próximo Parlamento Europeu. Este "doutor" que vos escreve sentir-se-ia mais confortado...

29 de maio de 2009

75 anos de Bonnie & Clyde


A 23 de Maio de 1934, uma patrulha de agentes policiais conseguiu atrair Bonnie & Clyde para uma emboscada numa estrada poeirenta da Louisiana, onde foram assassinados a sangue-frio.

Na América dos anos 30, da Grande Depressão e das Vinhas da Ira, Bonnie & Clyde, através dum conjunto de assaltos audaciosos a bancos, bombas de gasolina e lojas, conseguiram captar a imaginação do povo americano, tornando-se ícones duma contra-cultura de insubmissão e resistência.

75 anos depois, o FBI divulga 1000 páginas sobre o mais famoso casal de gangsters. O mesmo FBI que só foi capaz de emboscar e assassinar Bonnie & Clyde, através da clássica delação de associados menores...

28 de maio de 2009

Roubada da Nina para o Clyde...

Venezuela aprofunda a nacionalização de sectores estratégicos

A actual crise capitalista tem, necessariamente, um impacto na Venezuela onde, apesar dos avanços da revolução bolivariana e reforço do papel do estado na economia, continua a susbsistir o regime da "livre empresa".
Não por acaso, os índices de crescimento económico do país apontam para uma subida de 0,3% do PIB no 1º trimestre deste ano, fruto, também, da quebra de 50% do valor das exportações petrolíferas! Ainda assim, ao contrário dos outros países da região, regista-se um(ainda que raquítico) crescimento económico.
Todavia, o anúncio da nacionalização de cinco empresas siderúrgicas, da maior cerâmica do país e do Banco de Venezuela (na realidade até aqui controlado pelo espanhol Bilbau Viscaya), mostra como, apesar das tibiezas, morosidade e até contradições, o processo avança!

24 de maio de 2009

Orgulhosamente sós

Uma sondagem recente indicou que 46% dos israelitas árabes acham que Israel não tem o direito de existir enquanto país independente. Outra sondagem diz que 23% dos israelitas considera a possibilidade de abandonar o país caso o Irão venha a possuir armas nucleares. Mais de 100 mil israelitas já têm passaportes europeus e desde 1990 o número de imigrantes tem vindo a diminuir, sendo que nalguns anos o total de emigrantes ultrapassou o número de imigrantes. Afinal, quem sobra para habitar este estado de apartheid? Israel é cada vez mais e somente um país de generais e rabinos.

23 de maio de 2009

Quantos reúne Sócrates?

Segundo a Agência Lusa, a CDU organizou a sua marcha de protesto e luta com 85.000 pessoas! Apesar de ter sido convocada pela sigla "CDU", foi provavelmente a maior manifestação de  comunistas em Portugal. Ever!

21 de maio de 2009

Até os partidos mais à esquerda do espectro político ignoram, na hora da verdade, na hora de escolher candidatos, as minorias. Mas keeping up appearances, tanto a CDU, como o Bloco de Esquerda, incluiram ambos, por curiosa coincidência, uma mulher negra (mulher e negra é uma espécie de 2 em 1...) num lugar absolutamente não elegível!

19 de maio de 2009

Ballots or bullets

Nascido Malcolm Little, Big Malcolm X faria hoje 84 anos. Feliz aniversário irmão Malcolm!

"Um voto é como uma bala. Só disparas os votos quando vires o alvo, e se o alvo não estiver ao teu alcance, guarda o voto no bolso." Malcolm X, The ballot or the bullet, 1964.

18 de maio de 2009

A propriedade é um roubo!